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Foto do escritorRodrigo Souza

Achei um poema




Entre o querer e o Desejar quero muito mais o que desejo que o que quero

Entre o querer e o Desejar seria muito mais o que desejo como um poema

Quanto o que quero como ensaio


Entre o querer e o Desejar querer diria menos o que sinto vontade de dizer

Entre o querer e o Desejar quero sempre dizer o que sinto vontade pelo que não digo

Tanto quanto desejo e o impulso


Entre o querer e o Desejar tenciono tudo que não é músculo para fraturar todo sentido

Entre o querer e o Desejar tenciono tudo que não é músculo para fraturar tudo sentido

Quando o querer passa por ti desejo a tua falta


Entre o querer e o Desejar dedico tudo o que não sei ao que desejo

Entre o querer e o Desejar tudo o que quero não passa de imagem

E nunca saberia dizer se ficaria apaziguado só com um beijo


Tava lendo isso que anotei num caderno. O que eu fiz aqui, né?! Me diga você que vem às vezes por aqui. Você que tem alguma curiosidade sobre qualquer coisa. Ou no dia ocioso, decide parar a coisa mais produtiva que possa existir, o ócio, pra ler uma coisa meio parecida com um jogo de palavras sem sentido. Mas enfim. Você que, seja lá por qual motivo, ainda vem aqui. Eu pergunto o que eu fiz aqui, senão parecer que nunca digo nada e me exponho vergonhosamente e gratuitamente. Até pago para isso. Eu pago para me expor da maneira mais pelada possível. É quase uma nova pornografia, onde o pelado não é pago para ser visto, ele paga. É como estar nu diante de pessoas que eu nem sei quem são. Afinal, isso não me faria uma meretriz ao contrário? Na esquina de algoritmos, rodando a bolsinha e dizendo: pago 50 dólares por uma lambida no meio da tua ideia. Enfim. Agressivo escrever assim. Não é bem meu estilo. Estava comentando sobre o poema acima. Ando metido a refletir sobre coisas que imagino entender. Até na psicanálise andei me embrenhando, como quem deseja respostas, como quem quer conhecer, com o verbo “querer”, como no poema. Não sei se fui deixando claro o que QUERO dizer, mas o certo é que, o que DESEJO dizer, tenha simbolizado uma mensagem de que, o desejo, diz respeito a coisas que nem sei que quero. E que querer diz respeito a coisas que, por questões de topologia, se encontram no campo da consciência. Daí então vou me propor a continuar o poema que comecei há tempos. Não me recordo de quando comecei a escrever isso. Mas, vou tentar imaginar o desejo daquele momento. Que não deva ter mudado. Até por que, até onde compreendi, há desejos que só vão sossegar quando se reencontrarem com a morte. Esse momento do prazer maior. O momento de não-ser e essas coisas caóticas que a psicanálise fala. Não vou entrar por aí. Vamos ao poema. Isso não é nenhuma mensagem subliminar sobre querer morrer de fato. To falando mais de gozar. Não que eu não saiba que as duas coisas são a mesma coisa. Etc...

Entre o querer e o Desej… 


Não.

Não vou mais continuar. Deixa como está.

O não-dito está aí.

É sobre isso. Era sobre isso.

Eu acho. 


       

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