Yuri está esperando Sofia em frente ao Hospital. Eles se encontram. Yuri com um olhar obstinado, firme em seus passos em direção a Sofia, está decidido a conseguir todos os documentos que enfim renderão a reportagem que colocará o seu prestígio no devido lugar. Lugar esse que foi desviado por Marcus Grécia em todo esse tempo. Ele chega até seu alvo e quando vai abrir a bota, ela se antecipa dizendo: ok. Vou te entregar tudo. Mas vai ser onde eu marcar. Ele não precisou nada dizer.
Delfino e Vittoriano recebem um recado no escritório. Era um endereço deixado pela senhorita Sofia Rayol. Ao que tudo indica, seria o mesmo lugar em que marcaria com Yuri. Fernanda com um sorriso no rosto não pensa duas vezes e sabe que o momento de assumir a liderança do Grupo de Jenner chegou.
O local indicado é a casa abandonada de Marcus Grécia onde tudo fora encontrado.
No horário, chega Yuri. Ao mesmo tempo chega Delfino e Vittoriano. Na casa já estava Sofia. Ao perceber a chegada deles, Sofia liga as luzes do lugar. A atenção de ambos se volta para a casa. Eles entram em silêncio. Sofia os espera com a pasta cheia de provas em cima de uma mesa suja.
- Vocês têm tanto interesse nisso quanto eu. Cada um para uma finalidade. Um objetivo. Eu abro mão de livrar meu pai de qualquer coisa, mas não entregarei para ninguém esses papéis. Quem haverá de decidir com quem ficará são vocês. Eu só não quero estar presente para ver que tipo de final isso terá.
- O final já está acontecendo, Sofia – disse Fernanda. – O final é esse. Seu pai é um grande criminoso e você sabe. Você seria conivente? Você é filha dele mesmo – diz sorrindo. Mas será que suportaria guardar pra sempre o fato dele mesmo ter matado a sua mãe?
O silêncio é cortante. É possível ouvir as batidas do coração de Yuri vendo aquilo. Continua Fernanda:
- É esse o seu herói? Ele matou a sua mamãe por ela ter descoberto o que você também descobriu. Ela descobriu que se deitava com um criminoso. Será que ele vai fazer com você assim como fez com ela?
Sofia em prantos nada diz.
Fernanda continua – E esse rapaz?! Não seja ridículo, garoto! Não seja tão covarde de querer matar a reputação de alguém que já está morto. Tudo isso por orgulho. Para estar certo? Para se sentir melhor. Que cruel. Baixo, até. O tempo não retornará se você disser ao mundo quem o Grécia foi. Esses documentos dizem respeito àqueles que estão tentando construir uma sociedade nova, diferente, justa. Enquanto esse foi o pensamento do Rayol, estava tudo certo. Mas seu pai, Sofia, queria ele mesmo ser uma espécie de ditador. O vice presidente já havia percebido isso e havia me falado muitas vezes que era preciso tirar seu pai do grupo. Nem mesmo os criminosos toleravam seu pai. Por isso que o Grécia quis que tudo isso fosse revelado.
Ela se direciona a Yuri – e você, menino. Você tem agora a oportunidade de dar voz a quem quer mudar esse país. Use sua posição nesse jornalzinho para o qual você trabalha, e junte-se a algo nobre. Algo útil.
Continua, Delfino - Assim, não há mais ninguém aqui digno de ter tais documentos. O único sentimento nobre aqui neste lugar é o meu. E é por isso que já estou levando daqui tudo isso. Ao sair deste lugar, quero dizer aos dois que, como nova líder do grupo que renovará as esperanças dessa sociedade, agirei diferentemente do antigo líder, seu amadíssimo pai, Sofia, e deixarei os dois irem e esquecerem que um dia souberam de algo. Ou se decidirem um dia estarem do lado certo da história, me procurem. Vou agir com benevolência.
Delfino pega a pasta, fitando os olhos em Sofia e desprezando Yuri. Eles nada fazem. Dão por certo que aquilo tudo acaba ali.
Fernanda antes de sair olha nos olhos de Vittoriano e sorri um sorriso diabólico. Ela vai em direção ao carro. Ele a segue como segurança, mas com olhar de amante. Eles entram no carro sem nada dizer.
A justiça nos parece um conceito exato quando olhamos sem muita atenção. Haverá sempre um lugar para a justiça dentro das histórias mais injustiças, mais desonestas e mais vis. Existe uma justiça ou existirá justiças? Seria justo deixar Rogério viver outra vida em outro lugar? Seria justo deixar Sofia viver culpada por ter amado e admirado desde sempre o assassino de sua própria mãe? Seria justo deixar Yuri sem confirmar que um dia esteve certo sobre Grécia? Seria justo que depois de tanto tempo de espera Fernanda enfim não assumisse o posto que tanto quis?
Justo para quem?
O que é justiça?
O que é justo?
Fim.
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