Sofia havia marcado terapia. Sua condição mental era um tanto precária depois de tanta carga emocional. Ela estava desconfiando do próprio pai, aquele que representava para ela um porto seguro, principalmente após a morte de sua mãe. Um dia calmo após o encontro com sua psicóloga, apesar de grandes questões pululando na mente.
O telefone toca.
Por algum motivo Sofia sabe que é algo sobre seu pai.
- Alô.
- Oi. Aqui é Yuri. Eu que falei com você no estacionamento do hosp...
Ela desliga o telefone.
E por algum tempo busca na memória onde viu o nome “Yuri” recentemente. Ela parece não querer saber mais sobre o que está acontecendo. Tudo é confuso. Mas tem a impressão que “Yuri” era um dos nomes da lista dada no dia da morte de Marcus Grécia. Ele liga mais uma vez disposto a falar coisas que ainda não tem certeza, mas, quer arriscar, para ter Sofia menos arredia.
O telefone toca várias vezes. Sofia resiste. Yuri sabendo que apostou muito alto nesse contato abrupto liga mais uma vez. A última cartada.
- Eu não quero mais que você me ligue.
Yuri responde firmemente - Eu sei tudo sobre seu pai e quero te contar...
Sofia emudece. Não autoriza nem desautoriza que a conversa continue.
Yuri respeitosamente aguarda.
O silêncio é quebrado por ele dizendo: Eu preciso encontrar você para mostrar algumas fotos que acredito que você vai querer ver.
- Certo. Onde?
- Anote o endereço.
Sofia vai até uma pequena mesa que fica no final do corredor. Abre a gaveta. Pega um bloco de anotações, percebe que há um envelope que não lhe é familiar. Ela anota o endereço e permanece com o envelope na mão.
Ao desligar o telefone ela sem demora abre o envelope. Eram fotos de cada um dos integrantes do Grupo de Jenner, inclusive a foto de Yuri e por último a de seu pai. OU seu pai havia clocado aquelas fotos ali, ou alguém havia entrado naquele apartamento. O desespero não a impede de ligar imediatamente para seu pai, que não a atende. Ela pega seu casaco e vai em direção a residência de seu pai. Ao chegar, ela entra com sua chave, grita pelo pai. Ele não está. A casa vazia só testemunha o som do choro desesperado de Sofia. O que estaria acontecendo? As dúvidas eram imensas o poco de equilíbrio após a terapia já havia se desfeito.
No horário marcado Yuri espera. Ela já está atrasada. Ele olha o relógio, agita as chaves num ritmo frenético. Ela não vem, conclui. Entra no carro e olha uma última vez para a rua, que vazia o desanima. O carro vermelho de Sofia desponta no horizonte distorcido pela distância. Yuri olha no retrovisor e encosta o carro. Ela chega e estaciona atrás. Desce. Yuri com um grande envelope amarelo na mão caminha dois passos enquanto Sofia desce apontando uma arma. Seu rosto é um misto de desespero e ódio. Empunhando a pistola que pegara da casa de seu pai.
Yuri, pálido, engole seco.
Sofia esbraveja - Quem é você? E o que você fez com o meu pai?!
Fala, seu filho da puta!
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