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Foto do escritorRodrigo Souza

O Atentado ao Presidente (Parte 13)


A viagem de Rayol vai levando horas. Ele inquieta-se pensando nos passos que dará quando enfim Sofia souber o que precisa fazer. Destruir todas aquelas provas e assumir ao seu lado a voz de comando do Grupo de Jenner. Ele adormece devido a tanta atividade cerebral. Ainda exausto de maquinar, acorda com o aviso do piloto de que estavam chegando. Ao olhar por uma das janelinhas do jatinho de Fernanda Delfino, percebe que a luz da manhã ia revelando uma cidade diferente da Miami que ele tão bem conhecia e por um tempo até residiu. Ele se inquieta. Percebe que há funcionários da tripulação a olhá-lo como cães de caça. Ele era a presa. Ele sabia que fora enganado a essa altura. Enfim Fernanda o estava tirando de cena.

O jatinho faz o procedimento de pouso. Após pouco manobrar, o pequeno avião para. Ele está no aeroporto La Aurora, na Guatemala. Um grupo armado o recebe sem anda dizer. Rayol apenas tem a capacidade de movimento o nó da sua garganta, engolindo a seco. Era seu fim. A equipe de Delfino não poderia ser subestimada. Rayol é colocado em um carro de modelo antigo, escoltado.

Sofia aciona a secretária eletrônica. Ouve o recado de seu pai. Aquilo tudo a preocupa. Ela não sabe ao certo o que está se apresentando à sua frente. Enquanto isso, folheia com temor cópias de matérias jornalísticas, folhas de caderno, fotografias, comprovantes de compras de munição, conversas gravadas em fitas k7 onde seu pai negociava coisas que aparentemente era codificado com nomes de bebidas. Conhaque, vinho, gin... nomes muito mencionados de maneira estranha. Estava tudo ali. Seu pai verdadeiramente era um criminoso. Estava nas mãos de Sofia fazer aquela história ser apagada, esquecida. Ela está decidida a dar fim em todos aqueles rastros criminosos. Seu obstáculo agora era Yuri. Jornalistas geralmente não são fáceis de convencer, muito menos despistar. O telefone toca. Ela enfim receberia a explicação diretamente de seu pai. Ela atende com pressa. Não era Rayol. Era Yuri.

- Você sabe que não pode mais segurar isso.

- Eu gostaria de que você não me ligasse mais. Não vou te passar nada e não estou pedindo a sua opinião. Estou apenas comunicando.

- Certo. Pensei que você fosse diferente de seu pai. Mas você, como estava muito claro, apenas o copia.

Sofia desliga o telefone pensando nas palavras de Yuri. Aquilo causava tanta confusão e de certa forma soava tão certeiro para ela. As lágrimas caem cheias de memórias. Das memórias carregadas de momentos em que ela imitou seu pai. Na escolha da profissão, No jeito de lidar com sua mãe. Sua mãe... uma lembrança que é muito esfumaçada na memória. Seu pai pouco falava dela. Em um momento muito ínfimo, um átimo no qual suas conexões ligam seu pai a tudo que diz respeito a morte de sua mãe. Algo muito interior, muito íntimo, a faz pensar que muito pouco sobre a morte de Beatriz, sua doce mãe, era relembrado por Rayol. Será que o ato de evitar a lembrança de Beatriz era uma maneira de esquecer um pecado? Sofia volta a folhear o caderno deixado por Marcus Grécia. Um telefone anotado no canto de uma página com anotações de quantias financeiras chama sua atenção. Sofia liga.

No escritório de Delfino o telefone toca. A secretária atende o telefone

- Delfino Investimentos, bom dia. Alô! Delfino Investimentos, bom dia.

Sofia não responde. Desliga o telefone. Por ser um telefone que recebe ligações de pessoas muito seletas, a secretária identificou através de tecnologia muito recente o número que fizera a chamada. Ela anota, como de praxe, e repassa para Fernanda. Ao adentrar ao escritório, a secretária chama sua atenção a tal ligação. Fernanda Delfino pega o telefone, retorna ligação pessoalmente. Sofia que a esta hora estava se vestindo para seu plantão atende imaginando ser Yuri. Atende com desdém. Fernanda reconhece a voz de Sofia, pessoa que há certo tempo andava sondando. Ela nada diz. Sofia insiste em perguntar quem era. Fernanda diz pausadamente e da maneira mais fria possível:

- Eu sei tudo o que seu pai fez e faz. E eu sei que você também já sabe. Mas há uma coisa que eu tenho por certo de que tu não fazes ideia. Me entregue o que tu tens aí contigo e a resposta a essa pergunta que te atormenta agora mesmo eu te darei.

Sofia muito nervosa e aterrorizada pelas múltiplas possibilidades apresentadas até ali não sabe mais se sai para seu plantão. Não sabe se ainda é seguro ficar no seu apartamento.

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