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Foto do escritorRodrigo Souza

O Atentado ao Presidente ( Parte 9)

Atualizado: 1 de abr. de 2020



Perseguição da perseguição. Tinha tudo para ser comédia, mas se tratava de algo extremamente grave. O carro mais próximo do carro de Rogério tem duas pessoas. Atrás deste, Yuri. Atrás de Yuri, Vittoriano. O sócio que vivia muito mais como capanga de Fernanda Delfino. Rayol nota que seu caminho é acompanhado pelo carro misterioso. Não imagina que tem outros dois no seu encalço. Simula um outro destino. Flerta sinalizando alguma manobra à esquerda ou à direita. Rayol ouve tiros. Três tiros seguidos. Acelera. O carro logo à frente ao de Yuri começa a desviar. Ninguém sabe qual é o alvo. Yuri se desespera, seu coração acelera tanto quanto o modesto motor de seu carro. Apruma seu carro para a direita. Os demais seguem e ele decide encostar. Os tiros vêm do carro de Vittoriano. Ele estava tentando atingir os pneus do carro próximo ao de Rayol. Vittoriano conhece boa parte dos investigadores da cidade. Ele sabia que se tratava da polícia. Com este ato fez com que a polícia aumentasse suas suspeitas sobre Rayol. Talvez fosse exatamente este o plano. Não dele, mas sim dela. A mulher que certamente não era apenas sua sócia, mas o objeto do desejo de Vittoriano.

Aquela cena impressionante de perseguições sobrepostas acabou resultando na dispersão de todos. Rayol foi para sua casa e a partir dali sabia que estava sendo monitorado.

- Oi

- E aí? Conseguiu?

- Não foi como pensei, Fernanda. Mas acho que o Rayol está com os dias contados. Os policiais já sabem que ele esconde algo.

- Certo... questão de tempo. Eu sei esperar embora não goste.

O plano de Fernanda Delfino é ser a líder do grupo dos criminosos mais refinados do país. Um grupo que tem tentáculos nos mais variados nichos da sociedade. O grupo autointitulado Grupo de Jenner. Inspirado em Edward Jenner, o inventor da vacina. Um grupo que se vê como a cura para as mazelas da sociedade. O princípio utilizado por Jenner foi inocular em uma pessoa saudável a secreção de alguém que já havia sido infectado pela varíola. O indivíduo saudável, quando exposto a doença, não a desenvolveu plenamente pois estava em processo de imunização. Ao ser exposto mais uma vez pela varíola, não mais foi infectado, nascia a vacina no século XVIII. Aquele grupo se via como a vacina necessária para imunizar a sociedade. A aplicação dessa vacina deveria ser na principal instituição responsável pelo estado. E a instituição do poder executivo é representada na figura do presidente. Esse era o grande plano do grupo. Tirar a vida do presidente para levar ao cargo o vice-presidente, Eduardo Jenner Olivier. Eis o segundo motivo para o nome. Um grupo de enriquecidos pelo crime, com intenções de promover o bem da sociedade. Um contrassenso interessante, mas não incomum. Todos ali tinham o anseio de fazer da sociedade um lugar ideal. Mas ideal para quem? Para eles mesmos e os seus. Viam-se como a vacina, a porção controlada de um vírus. Em dose suficiente para imunizar o estado e adentrar nas suas células, ocupar o sistema, percorrer sua corrente sanguínea e inocular a vida. Mas a vida que eles idealizavam para si e a que futuramente seria imposta a todos.

Saber sobre a existência do Grupo de Jenner é estar em perigo. Você agora sabe, leitor. Yuri está prestes a saber. Algo de muito grave acontecerá em breve.

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